Do You Remember Me? / Parte 27

              Foi estranho saber que eu e Justin namorávamos. Ainda não havia caído a ficha. Eu gostava dele, isso estava na cara. Tudo o que eu queria saber era o porquê, porque ele escondeu isso de mim. Será que ele não me amava mais? Ou será que ele não sabia como falar isso pra mim?

Três dias depois...

              Eu estava na cozinha fazendo brigadeiro de panela. Bom, pra falar a verdade eu estava me virando nos trinta pra conseguir fazer algo que prestasse, porque nos Estados Unidos não tem leite condensado. No meu iPod estava tocando a música Love You Like a Love Song. Imagina a cena, eu cantando bem alto na beira do fogão, vestida com aquelas blusas bem largas de ficar em casa. De repente, senti uma mão envolvendo minha cintura. Dei um pulo e me virei pra ver quem era.

- Oi! – Justin sorriu com a maior cara de pau.

- Seu infeliz, desgraçado, nojento, salafrário. – disse estapeando ele. – Você quase me mata do coração.

              Ele começou a rir. Eu só fiquei vendo aquela cena, ele quase morrendo de tanto rir. A raiva começou a tomar conta de mim, eu devia estar da cor de um pimentão. Senti um cheiro de queimado no ar.

- O BRIGADEIRO! – corri até a pia com a panela. Mas já era tarde, já tinha queimado tudo.

             Olhei para Justin com uma cara de “foi por sua causa”. Ele parou de rir imediatamente.

- Não foi minha culpa. – ele disse.

- Você ainda tem a cara de pau de dizer que não foi sua culpa? Argh’ eu te mato.

            Comecei a bater nele. Ele tentava segurar meus braços, mas eu conseguia desviar. Justin se debatia no chão e gritava pra eu parar, mas é claro que eu não ia parar, aquilo estava sendo divertido. Sem querer, acabei tropeçando em suas pernas e cai em cima dele. Nossas bocas ficaram cerca de alguns milímetros de distância. Eu fiquei completamente sem reação. Em questão de segundos, Justin me virou pra baixo, fazendo com que ele ficasse em cima de mim. Ele olhou nos meus olhos e murmurou um “eu te amo”, em seguida encostou seus lábios nos meus. Eu não tinha como negar aquele beijo, eu desejei aquilo desde quando eu vi o Justin no hospital. As coisas começaram a ficar quente demais, eu decidi interromper.

- Ok, Justin, acho melhor pararmos por aqui.

- Tudo bem. – disse ele meio desapontado. – Me descul...

- Não precisa se desculpar – o interrompi –, também foi minha culpa.

- Precisamos conversar, não é?!

- É. Vamos pra sala, a gente se senta e conversa.

- Aham.

               Fomos pra sala e nos sentamos cada um em um sofá, longe um do outro. Justin estava imóvel. Eu não sabia o que falar... pra falar a verdade eu sabia, o que eu não sabia era por onde começar.

- Por que você não disse que éramos namorados?

- Eu tinha medo. – ele respondeu.

- Medo? Medo do quê? – perguntei.

- Medo de você me dá um pé na bunda, medo de você não me querer mais, medo de você não me amar como dizia me amar. Enfim, eu tinha medo de me machucar, entende?

- E se eu te dissesse que eu te amo?

- Você está dizendo que me ama?

- Não... eu só estou perguntando.

- Mas você me ama?

- Você me ama?

- Eu perguntei primeiro.

- E eu só vou te responder se você me disser primeiro.

- Tudo bem, eu falo.

- Então fale.

- Falar de amor é meio complicado, porque não dá pra descrever em palavras, mas eu vou tentar. Quando eu te vi cair no chão ensanguentada, foi como se tivessem dado um tiro no meu peito. Eu sofri junto com você, ou talvez até mais. Foi muito difícil aguentar te ver ali numa cama do hospital e não poder fazer nada pra ajudar. Eu não conseguia pensar em mais nada, só em você. Se eu pudesse, trocaria de lugar com você, só pra poder não te ver sofrer e nem sentir dor. Quando o seu coração parou, o meu coração parou também... – uma lágrima desceu de seus olhos.

- Jus, não... chora.

               Me aproximei mais dele e enxuguei seu rosto. Ele sorriu e continuou:

- Eu fiquei tão angustiado quando soube que você tinha perdido a memória. Era difícil saber que você talvez nunca se lembraria mais de mim. Você não se lembra, mas eu me lembro. Me lembro de quando a gente saia pra passear, me lembro de quando ficávamos rindo das besteiras que contávamos um para o outro, me lembro de quando você ficava sem graça quando eu gritava pra todo mundo que eu te amava, me lembro de quando nos beijávamos e entre sussurros você dizia “eu te amo”. Eu sei que você não tem culpa, mas isso me entristece.

Ele olhou nos meus olhos e ficou em silêncio por alguns minutos. E eu permaneci ali, quieta.

- O Scooter me obrigou a continuar essa turnê. Eu não queria ir, porque eu sabia que iria morrer de saudades de você. Mas minhas fãs precisavam de mim, iria ser injusto se eu não retribuísse todo o apoio que elas dão pra mim. Não devia te contar isso, mas eu chorava todos os dias que não ouvia sua voz. Eu voltei disposto a te falar toda a verdade, mas você acabou descobrindo tudo antes. Eu estava com medo de você brigar comigo e nunca mais querer saber de mim. Se fosse pra viver sem você, eu preferiria morrer. – sorriu – E aí? Ainda tem dúvida se eu te amo?

           Eu não conseguia falar nada. Só pensava o quanto aquele menino era perfeito, o quanto eu tinha sorte de tê-lo em minha vida. Dúvidas eu não tinha mais, pelo menos não em relação ao Justin. Ele me amava e eu o amava.

- Eu também te amo, Justin!

- Te amo mais! – ele disse colocando a mão no meu rosto.

          Eu não sabia se ria ou se chorava._ O que você está esperando pra agarrar esse menino, Alycia?_ Não pensei duas vezes e beijei-o. Ele ficou surpreso com minha atitude, mas retribuiu o beijo.

Continua!

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