Era o começo da manhã quando Rebecca
abrira seus olhos, os primeiros e tênues raios solares lançando um brilho sobre
do quarto. Ela não conseguia dormir devido a seus pensamentos conturbados, que
giravam em torno da ligação que recebera na noite anterior. Por mais que ela
quisesse convencer a si mesma que aquilo não a afetava, a verdade era que
quando se lembrava daquela voz grave e ameaçadora do outro lado da linha, um tremor
surgia atravessando seu corpo com violência. Aquela situação estava
dilacerando-a por dentro, retalhando o seu coração em pequenos pedaços que dificilmente
poderiam ser unidos novamente.
Não era
fácil pensar na ideia de algo ruim acontecer a alguém que ela amava. Tanto que
por precaução ela já considerava contratar seguranças que vigiariam dia e noite
sua irmã e sua tia, as únicas pessoas além do Justin que amava nessa vida.
Levantando-se
da cama, ela olhou-se no espelho, vendo a sua imagem refletida no vidro a sua
frente ainda de camisola notara as tão familiares lágrimas caindo sobre suas
bochechas. O gosto agridoce das mesmas trouxe a melancolia de recordações das
quais lutava para esquecer, a morte de seus pais ainda não era um fato superado
– e talvez nunca iria ser.
Enquanto
banhava-se sob a água quente do chuveiro, Rebecca deixou sua mente vagar,
imaginando coisas supérfluas para que não começasse a chorar outra vez. Mas foi
em vão, as lágrimas teimaram em cair mesmo quando, de volta ao quarto, ela
vestia o vestido florido que mais amava.
De frente
ao espelho outra vez, secou seu rosto com as costas das mãos, pegou seu estojo
de maquiagem e tentou amenizar o inchaço ao redor dos olhos. Mas nenhuma
maquiagem poderia esconder as marcas deixadas pelo medo em seu rosto, nem as
feridas em seu coração.
Perguntava
a si mesma quando a felicidade finalmente abraçá-la, quando é que sua vida
deixaria de ser uma triste lembrança dos horrores do passado, questionava-se
quando é que ela poderia permitir a si mesma não se sentir insegura sobre tudo
e todos. Quando o Justin aparecera em sua vida, ela pensou pela a primeira vez
desde a morte de seus pais que a felicidade estava finalmente batendo em sua
porta, mas os acontecimentos da noite passada – o telefonema, mais
especificamente – deixara claro que ela estava errada, afinal. Foi justamente
ele que trouxera mais problemas para a sua vida.
O som de uma
batida na porta preencheu o quarto, seguido pela voz de sua governanta falando
numa tom suave:
— Rebecca,
querida?
— Sim,
Marie? – respondeu tentando ocultar a voz embargada.
— O Justin
chegou.
O anúncio fez o coração de Rebecca
acelerar.
— Por
favor, diga a ele que já estou descendo.
— Certo. –
disse Marie, caminhando em passos apressados de volta a escada.
Durante
toda a madrugada Rebecca refletiu sobre sua situação, não queria acreditar que
existia alguém covarde o bastante para ameaçar uma pessoa através do telefone,
e não queria acreditar menos ainda na decisão que havia tomado: iria acabar as
coisas com o Justin. O que quer que eles tivessem, ela iria pôr um fim naquela
manhã.
Rebecca
olhou-se uma última vez no espelho antes de erguer a cabeça e sair do quarto.
Mas ao descer as escadas, ela acabou dando de encontro com o Justin esperando-a
na base da mesma.
Olhar para
ele renovou suas forças, ver aquele sorriso enquanto o mesmo estendia sua mão
no ar para ajuda-la a descer, ouvir sua voz rouca dizer: “Você está linda”
junto a um pequeno sorriso malicioso, tudo isso mostrava que qualquer
sofrimento valia a pena para tê-lo. E foi naquele momento que ela percebeu que
nunca seria capaz de deixa-lo.
— Está tudo
bem, amor? Você estava chorando? – Sua feição adquiriu uma expressão aflita.
— Não é
nada.
— Eu sinto
que há algo errado. – Ele a envolveu em um abraço, descansando a cabeça dela
contra seu peito. – Tudo o que eu não quero é te ver sofrer.
— Não
precisa se preocupar, está tudo bem. – Ela tentou sorrir, mas a tentativa foi
falha. Contudo, seu sorriso sem graça pareceu convencer o Justin.
Mesmo sentindo que poderia explodir em
lágrimas a qualquer momento, ela deixou-se guiar por ele porta a fora.
***
O lugar em que ele a levou era
perfeito para desfrutar de uma manhã ensolarada como aquela. Com uma grama
verde recém-molhada e um céu ensolarado, o ar era ameno. Havia um lago de águas
claras mais à frente. E a direção que Justin estava tomando sugeria que ele
estava indo justamente para as margens do lago.
Havia alguns homens empurrando um
barco branco visivelmente maltratado pelo tempo para dentro da água. Eles
olharam pra cima e acenaram quando avistaram Justin chegar. Rebecca olhou para
ele visivelmente confusa. Um passeio de
barco?
Enquanto
Justin a ajudava a subir no barco, ela ponderou sobre a frase “O amor não é uma
fraqueza” que estava escrita em um vermelho desbotado na lateral do barco. E de
fato não era. Mas até que ponto ela poderia amar sem que esse sentimento se
transformasse em uma ameaça?
— Você fica
linda quando está pensativa. – Justin disse de repente. Só então ela percebeu
que o barco já se encontrava em movimento. – Que tal compartilhar seus
pensamentos comigo, huh? – Ele sorriu. Sob o brilho do sol, os olhos dele,
antes castanho claro, agora adquiriam uma cor puxada para castanho esverdeado,
assim como seus cabelos também ficavam alguns tons mais claros com os raios
solares que se infiltravam nos seus finos fios. Rebecca não pode deixar de
contemplar sua beleza, aqueles pequenos traços em seu rosto que fazia dele
incrivelmente lindo.
Justin remou até que o barco
estivesse consideravelmente longe da terra. Então ele pegou as mãos de Rebecca
nas suas e ficou encarando-as. Mas ele, que sempre aparentava estar confortável
com toda e qualquer situação, parecia estranhamente nervoso por alguma razão
desconhecida naquele momento.
— Acho que
agora é a minha vez de perguntar se está tudo bem. – Rebecca disse, entortando
a cabeça para o lado enquanto o analisava.
— Por quê?
— Você ficou
um pouco estranho de uma hora pra outra.
Ele baixou
a cabeça, tomando fôlego, e quando voltou a falar sua voz estava rouca.
— É que
ultimamente eu tenho me questionado com quem eu desejo estar nos meus últimos
dias de vida, e a única pessoa que me vem à mente é você. – Ele baixou a cabeça
novamente e sorriu. – E apesar de eu ser mais velho e ter mais experiência em
relacionamentos, quando se trata de amor eu sou tão imaturo quanto você. Eu
nunca amei ninguém como eu amo a você.
So give me
a chance,
'Cause you're all I need girl
Spend a week with your boy
I'll be calling you my girlfriend
If I was your man, I'd never leave you girl
I just want to love you, and treat you right
— Rebecca,
– ele segurou suas mãos com mais força naquele momento, olhando-a fixamente nos
olhos – você aceita ser minha namorada?
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Notas finais: Yeah! Depois de mais de um ano finalmente postei a continuação de Immature Love kkkk
Eu tinha esse capítulo pronto faz algum tempo, mas não queria postar antes de terminar a fanfic inteira. Mas acontece que eu não sei quando vou terminar (não sei se eu vou sequer terminar algum dia), então resolvi num ato de insanidade postar isso logo. É mais de uma hora da madrugada e eu tô com sono, então não tentem me entender kkkk
Quero agradecer a Amanda, que me pediu várias vezes através do tumblr para que eu continuasse a história. Muito obrigada, flor, você me motivou bastante.
Quero agradecer também a Camila Ferreira, que fez meus olhos marejarem depois de ler o comentário dela. E se não for muito tarde, quero também divulgar o blog dela, então pra quem quiser conferir só basta clicar aqui.
Enfim... é isso!
Beijos!! :*